O BRASIL SERTANEJO

O BRASIL SERTANEJO

Êta que bem antes de começá

Vou aqui me apresentá:

Sou cassimiro Evangelista

Fi do finado batista.

Vou começá cuma história

que vai ficar na sua memória.

Êta história bonita

A desse país que só briga

Que era tão rico de cobre

que agora tá é pobre!

O povo brasileiro

Ele é muito guerreiro.

Vou fala de um trabaiadô

que queria ser dotô,

abandonou o seu cavalo

foi morá lá ni sum Paulo

Foi mora ni cidade grande,

e por lá virou andante

Coitado do meu cumpade

foi morar ni outra cidade,

desconhecida que só ela

onde ninguém lhe dava trela

Poromeno no sertão

Agente tem bom coração.

A situação aqui é difirci

e não deixamo muito visivi

Principalmente pros nosso fi

que não deixamo fartar um mi.

No sertão é assim

preparamo um cafezim,

esperamo os fi tomá

Pra depois avaliá

Se sobrá agente come

É lógico, vou mata a minha fome.

Mas se fartá vamos rezá

pra manhã cedo num fartá.

Ei ocê aí da cidade

que clama por dignidade,

Ocêis trabaia, almoça e janta

Nóis trabaia, num almoça e farta janta!

Num reclame que tá com fome

lembre de um home,

Pode ser José, pode ser Malaquias

Não importa o nome de pia

Nós somos trabaiadô

e carregamos muitas dô

Nós somos é nordestinos

Ih, já bateu o sino

É hora de trabaiá

Mas de mim ocêis vão lembrar.

Sou Cassimiro Evangelista

Fi do finado Batista,

Brasileiro e lutadô

Ôia, não me confunda com um dotô.