autofagia
o que me deste senão
o perceber de um corpo
que se arrasta em dores,
um gênio abominável,
mãos vazias e pés trôpegos?
deste-me também uma distância
monótona e incômoda
que ora se traduz em amor exponencial
ora em uma enorme culpa vivencial
o que me prostra a vagar
sem achar o prumo da razão
e não me recolhes novamente
ao ventre de ilusões
para que eu me insurja diariamente
me contorcendo ante os horrores
dessa utopia chamada vida