A RAPOSA E O ROUXINOL

Osvaldo André de Mello*

É dia de chuva com sol.

Casa a raposa com o rouxinol.

Dia de alegria, ora vejam:

Mas por perto anda a tristeza...

Para o altar vai a linda raposa

Amorosa. Será boa esposa.

Ansioso a espera o gentil rouxinol,

certo futuro esposo no anzol.

Mal se viram e aqueles dois

deixaram o amor para depois?

“Grande amor à primeira vista,

Raposa, única da minha lista!”

“Você agora é minha vida,

Ó meu rouxinol de voz querida!”

E saíram a namorar...

E hoje, sol e chuva, vão casar.

Contudo, lá na toca escura,

está um raposo em amargura.

Tristíssima, cá no alto ninho,

uma rouxinol chora fininho.

Sol com chuva! Ora, vejam

os preteridos... Que tristeza!

Eles viveram uma história anterior

agora sem o mínimo valor.

*Osvaldo André de Mello nasceu em Divinópolis, estudou Artes Cênicas no Teatro Universitário em Belo Horizonte e voltou para Divinópolis, onde se formou em Letras. Sua primeira publicação foi aos dezenove anos, com A Palavra Inicial (1969), e o poeta publicou ainda Revelação do Acontecimento, Cantos para Flauta e Pássaro, Meditação da Carne, e A Poesia Mineira no Século XX, entre outros. No teatro, dirigiu peças de grandes autores, como T. S. Eliot, Nelson Rodrigues e Emily Dickinson. É responsável pela montagem e direção do espetáculo APARECIDA NOGUEIRA IN CONCERT.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 02/07/2009
Reeditado em 03/07/2009
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