Di amante

Minha lágrima sobre o vidro da mesa

Bola de cristal, que o dedo interrompe

Gerando a inicial de seu nome

Ferindo-me, na certeza cada vez mais nítida

De que o balé de nossas mãos dadas

Era o caminho certo da paz em nossos sonhos

Conforme o tempo passa, sua falta pincela

Novas paisagens, onde quase não me vejo mais

Tanta palavra morta antes de chegar à boca...

Sentimentos que não consumiram a ponta do lápis

Rasuraste as mais belas linhas que nossos olhares compuseram

Nossa cumplicidade foi um arcoíris

Espalhando sua imagem em minhas manhãs

Multiplicando seu sorriso encantado

Estampado em minha retina e correndo livre em meu âmago

No fundo, sinto falta das nossas estrofes de métrica perfeita

Que o brilho do seu olhar aprovava

Dizendo-me que palavras eram só partículas no papel

E que nossa luz é que escrevia o poema

Os versos estão ficando mais calmos

Não há culpa, na nobre insanidade do amor

Mesmo sangrando, te perdoei.

Ricardo Villa Verde
Enviado por Ricardo Villa Verde em 03/07/2009
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T1680325