A MENINA E O PALHAÇO (Poema diálogo de José Fortuna)

Com este belíssimo Poema, quero homenagear o nosso querido e saudoso José Fortuna.

Poema-diálogo

(Gravado por José Fortuna e Iara Fortuna )

Narrador: - A função daquele circo tinha há pouco terminado

ainda o alto falante tocava um triste dobrado

no camarim o palhaço do rosto a tinta tirava

quando uma linda menina em seu camarim

entrava

Palhaço: -Como vai linda menina eu vi você na geral

parecia um anjo loiro no meio do pessoal

só uma coisa eu notei nas piadas que eu dizia

todo o povo gargalhava e só você não sorria

Menina: - Não sorri, porque em minh’ alma alguma coisa me diz

que o senhor leva alegria mas é um homem infeliz

debaixo de sua máscara eu notei seus olhos tristes

atrás de vosso sorriso muito sentimento existe.

Palhaço: - Tens razão, existe mesmo eu nem posso me lembrar.

Menina: - Oh! Palhaço, me perdoa sem querer te fiz chorar.

Palhaço: - As lágrimas aliviam a minha alma ferida.

Menina: - Então enxugue seu pranto e me conte a sua vida.

Palhaço: - Há muitos anos passados roubaram minha filhinha

loirinha como você, única esperança minha

passei a trabalhar em circo, para poder viajar

na esperança de poder a minha filha encontrar

e cada vez mais aumenta da minha filha a saudade

ela devia ter hoje mais ou menos a sua idade.

Menina: - Nossas vidas são iguais eu também fui raptada

e os malvados raptores me atiraram numa estrada

alguém passando por lá no abandono me encontrou

e me internou num orfanato onde até hoje eu estou

de meu pai só sei o nome chamava-se Antônio Mina.

Palhaço: - Mas, este é o meu nome! – Me diga, qual o teu nome,

menina?

Menina: - Meu nome é Maria Rosa, está escrito neste anelzinho.

Palhaço: - Meu Deus, devolveste a luz nas trevas de meu caminho.

Então você é a minha filha!

Menina : - E o senhor é meu paizinho...

Palhaço: - Sim, eu sou o seu papaizinho... E te agradeço, Jesus

por devolver minha filha, minha vida, minha luz.

Menina: - Agora que te encontrei não largue-me de teus braços.

Palhaço: - Minha missão terminou não serei mais um palhaço

filhinha, vamos voltar na casinha o pé da serra

aonde a tua mãezinha soluçando te espera.

Narrador: - Só o silêncio das lágrimas testemunhou aquele abraço

no camarim daquele circo a menina e o palhaço.

Menestrel do Amor
Enviado por Menestrel do Amor em 03/07/2009
Reeditado em 03/07/2009
Código do texto: T1680560