ESTRANHAS SENSAÇÕES
tudo previsível:
a faca, a carne, o corte,
e uma estranha vontade de matar a vida
preciso de panos da costa
[dê-me panos]
amarre-os à minha boca para que não lhe lasque o rosto
– amordace-me –
e guarde todo o grito que possa a vir ser solto!...
[há um homem a me comer os seios]
tudo previsível:
as bocas, os leva-dentes, os bicos dos peitos,
e um estranho desejo de matar o tempo
preciso de colares de ifá
[dê-me colares]
a minha cabeça não pára de girar em torno do pescoço,
e meus cabelos precisam de presilhas...
– abocanhe-me –
e guarde todo o grito que possa a vir ser solto!...
[há um homem a me comer os seios]
parem tudo – imediatamente –
preciso desse homem, assim, a me comer os seios,
e de abraça-lo, e de estrangula-lo,
enquanto não me vem uma lenta e deliciosa vontade de morrer com ele!