Liberta...

Livra-me do seu sentimento de posse.

Amar, não sabe o que é.

Livra-me do seu moralismo vil.

Honra, nunca tivestes.

Ris da dor alheia

Mas não suporta a tua própria

Engenhava-me mais sofrimento

E tivestes minha devoção!

Chama-me verme

Julga-se forte, viril.

Mas faz-me seu escoro

Seu chão, para que pise, pise...

Só sabe ploriferar o medo

Ganhas-me no grito

Violenta minhas entranhas

Sempre que se sente só

Eu que parecia lhe dever

Nunca ousaria seus olhos

Dei-te a submissão

Fui-te um depósito de gozos, esporros...

Era só o que valia

Só o que me fazia valer

Diante de um semblante psicótico

Acompanhava-me da incapacidade

Almejar-se-ia seu reconhecimento

Se não lhe descobrisse agora

Tão fraco, tão fora.

De realidade que ainda desconheço

Tu foste meu primeiro, meu único.

E com mãos de ferro

Marcava-me com sua brutalidade

Com prazer em me sangrar

Jamais saberia ter força olhando estas marcas

Não poderia sequer tentar fugir

De sua presença negra e duras palavras

Mediante suas perspectivas

Nunca tiveste um horizonte

Não me mostraste as rosas do mundo

Deixara as pétalas a outras

E me enfeitava de caules e espinhos

Acostumaste-me a pouco amor

Mas minha alma já cumpriu sua sentença

Agora que com fôlego caminho para a luz

Sinto-te ainda mais agressivo

Nunca me ganhaste

Não me amedronte

Mesmo em flagelos irei recomeçar

Aqui ou em qualquer lugar

Vou curar minhas feridas

Com minha saliva

Tenho a mim

E isto me basta

A dor me abriu os olhos

Vejo-me tão capaz

Vejo que te suportei além

Sozinha será mais brando.

Suas ameaças já não me martirizam

Tão pouco o cumprimento

Nunca tive nada a perder

Não me destes nada

Vou antes de tudo acontecer

Antes que nada se faça

Ainda que respiro

Agora que me livro...

Então dormes homem

Que ontem foste digno do meu amor

Dormes que enquanto isso

Vou para onde não alcance seu cheiro

Que seja embalado em sonhos malditos

De murmuras e lamentos

E que quando desperte

Tenha uma vida em sofrimento

Aqui jaz tudo que fui pra ti

Neste ímpeto de coragem

Deixo-te, a querer que esqueça.

Que um dia existi...

Senhora Morrison

30/05/2006

Senhora Morrison
Enviado por Senhora Morrison em 03/06/2006
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