Menina da Mão Atrofiada

Quando te conheci, escondias a mão direita...

Logo percebi que estava pendente, atrofiada.

Grave sequela de um acidente na longa estrada.

Não entendi a tua vergonha, seguias perfeita!

Então, detalhou-me tua infeliz história:

Pai distante do coração residindo no Pará.

Mãe levada por um tumor na via digestória.

Ora sozinha no mundo, mas a vida não pára...

Optou pelo trabalho na noite, desgostosa.

Muitas vezes usada, outras vezes amada.

Apesar da mãozinha era chamada: gostosa!

Mas não se perdeu de todo, punha-se “centrada”.

Comprou terreno, casa, carro, bens materiais.

Entretanto não conseguiu consertar a mão...

Apesar disto seguia "feliz", sem comiseração.

Guria, que aula de vida nos dá: desistir, jamais!