Sagração do operário velado

Sem nada mais a ser gasto

nem a ferrugem

que a tudo e a si própria consome

aqui resta este ex-homem

entregue à fúria de Deus

Descaso de seus senhores

que deste ato branco nem terão notícia

O ferro de seus músculos

a lava incandescente de seu sangue

os sóis de seus olhos madrugadores

eram de absoluta posse e lucro alheios

Até esgotar-se a última força

e a miséria acolhê-lo em colo imundo

Poucos se despedem deste corpo

entregue ao ajuste de contas com Deus

Lixo esquecido há tempos atrás da porta

porque sua servidão já não tem serventia

Rossyr Berny
Enviado por Rossyr Berny em 03/06/2006
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