Bicho homem bicho
Morro a cada vez
que desço o morro
da minha timidez.
Mato-me a cada dia
quando saio do mato
de minha covardia
Sou bicho esquivo
mantenho-me vivo
vivendo entocado.
Intocado, fico a espreita
na estreita fenda
de minha gruta
Fujo da luta
por não ter presas,
por não ter presas
todas as minhas convicções.
Minhas ações se pautam
nas pautas do caderno
posso extinguir-me
mas meu verso
me tornará eterno.
Mauro Gouvea