Misturo-me ao som que ecoa
Entre o silêncio do medo
E a voz que atordoa
Ao revelar segredos
Busco o alimento em teus seios
Oh, noite escura que me sacia
Entre estrondos de anseios
E o bailar da poesia
Não conheço os meios
Pois, detive-me entre os fins
No encaixe perfeito dos teus rins
E assim me faço sereno
Tímida gota de orvalho
Que se equilibra no galho
Das dúvidas e incertezas
Nas raias irreais da realeza
Na ficção real do amor que perco
Num parco lampejo de lucidez
Se um talvez bastasse, iria eu
Neste caminho tão meu
Calar a boca da noite, amargo breu
Que oculta um olhar tristonho
E na culpa deste sonho
Me desfaço em pesadelos
Em devaneios me decomponho
Atendendo aos teus apelos
Na minha realidade fictícia e cruel
Sou o doce extraído do fel
Sou o impuro, insosso, o azedo
Guardo amores, temores, segredos
E no brinquedo das palavras soltas
Dou voltas tentando me esconder
E a dor consome, na palavra que ajunta
E minh'alma pergunta... por fim:
"Tanto de mim.... Quanto de você?!"


               

"Tanto de mim que não cabe em você!!!Quanto de você é necessário para adormecer a saudade em mim???"