***BECO SEM SAÍDA***

Limpo a casa

lavo roupa suja

repasso dobras

reviro avesso

reviso prosa

atravesso rua

dobro esquina

encontro o mesmo

beco sem saída

do cheiro de cebola

da excesso de alho

da casca grossa

do doce de compota

da vista da janela

do badalar do sino

do tilintar do copo

do mesmo boteco

da pista acessa

da espera do avião

que não chega

da canção perdida

do tempo chuvoso

da hora da despedida

do frio gostoso

do calor macio

da coberta estampada

da toalha molhada

do cheiro de brisa

do creme dental

do roupão azul

do céu de abril

do chão de estrelas

da lua de prata

do pão fresquinho

do café quentinho

da fanta e da coca

sempre geladas

do amendoim crocante

do figo em barras

da vontade de ficar

tendo que ir embora...

Não tem jeito

ainda são teus

os versos meus...

Nikitita... a poetinha de Niterói

Angela Oliveira
Enviado por Angela Oliveira em 05/06/2006
Código do texto: T170144