Ecce Homo*
Minha certidão de nascimento
tem as impressões digitais de
minha mãe, de uma só mão
porque a outra não precisava.
Meu batismo traz a cor de
terra e rio, lua e sol,
chuva e geada.
Fui confirmado no sinal de
mim, feito o menino que
quebra o ovo para ver
vidas desde dentro.
Polígamo, casei-me com a
incorformidade, a não
ciumenta que me dorme
com a ânsia de justiça à
promíscua humanidade.
A ordem de continuar me
veio da boca da noite, nas
trilhas de todos os dias.
Minha primeira comunhão eu a
realizei à mesa dos famintos da
Terra, dos quais aprendi a
nãovida de cadáveres
anunciados.
Confesso que me sinto
ungido para me ir e
não voltar dali onde uma voz
me dizia em todos os
sinais anteriores:
“Tua pátria é a liberdade”
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* Do meu blog FiloEducação
=> http://filoeducacao.blogspot.com/
31.Dez.2007.