Entre duas luzes.

O Deus que move os astros molda mundos

Renova mitos gastos quase vultos

Perdidos dentre zelo e medo oculto

Um ser pequeno e frágil cai no fundo...

O corpo franco abarca o chão fecundo

Os anjos jazem belos e insepultos

Cegos de crença e pena, sem indulto;

De um Deus sensato, casto e moribundo

Se as preces dos vazios das catedrais

Trazem luzes e explodem nos vitrais

Reclamando milagre e pouso eterno

O seu filho assustado quer o bem

Um bem que desconhece, é mal também

Paraíso de fel e mel do inferno.