Estrangeira

Me descubro aventureira de uma vida

Mas de uma vida desfigurada

Que nunca foi, de fato, minha

Mas sempre esteve ali, esperando...

Sempre me neguei quanto ao meu querer

Ando tão alheia a mim...

Mas acho que sou esta, a alheia,

E não aquela, que não mais reconheço ser.

Estou perdia.

A cada segundo a confusão inunda

E abala o que me põe de pé.

Perco os pedaços mais essenciais;

Como será minha reconstrução?

Serei consertada com pedaços ilegítimos de mim.

Figuras forjadas, feitas para mascarar o que se perdeu.

Deus,

Em mim não sou mais nada!

Se ao menos fosse estranha a mim...

Saberia me reconhecer mais tarde.

O que eu sinto é o cansaço

De uma vida mal começada.

Cecília Afonso
Enviado por Cecília Afonso em 18/07/2009
Reeditado em 03/08/2009
Código do texto: T1707042