Apenas o corpo envelhece
Vem dos pássaros a sinfonia
Uma doce e suave melodia
Da mãe natureza em sintonia,
O vento livre vem soprando
As folhas caídas pelo chão,
É o cinza do outono chegando
Despedindo-se do calor do verão.
No horizonte vem surgindo a quietude
Deposto do grito altivo da juventude
Qual o brilho do verão nos ilude,
Apaga-se aos poucos a vida luzidia
De um olhar outrora vivaz,
Que abria o caminho para a alegria
A passos largos com sua força audaz.
Não mais exala seu perfume
A flor que lá distante no cume
Encolhida posição hora assume,
Já não tem forças sua raiz
Para alimentar suas nuances,
Não pode mais ser matriz
Nem enfeitar outros romances.
Lembrar minha mocidade não me cansa
Tinha ímpeto, força e tanta confiança
Na liberdade verde da esperança,
Hoje vivo dentro de um corpo frágil
E que não impele-me desejar a morte,
Pois o tempo envelheceu meu corpo ágil
Mas o meu espírito está cada dia mais forte