Lucidez metafórica
Mais um dia se vai, na inquietante certeza de um véu que se desfaz.
Olhos cerrados espreitam melancólicas cenas embriagadas
Nuvens cinzentas ultrapassam barreiras impostas pela luz
Deposito flores metafóricas no arcabouço perdido de minha lucidez.
O corpo transfere uma aparente solidez de perdidos olhares
Cores pungentes de dias escaldantes em sedentos lábios
Memória traiçoeira em projetadas imagens distorcidas
Dias fadados e transeuntes perfumados, adormecidos.
Bocas estranhas em entranhas cortadas e cortantes
Lágrimas desertas e distantes no verdejante anonimato
Pálidas palavras que ecoam no ar silencioso e fugaz
Distância determinada pela sensata indisponibilidade
Foco distante que se perde em apaixonantes dissabores
Sensações indefinidas em cabeças televisivas e cadavéricas
Ilusão nefasta de uma alma fascinada e desinfetada
Parte sem parte que se reparte na derradeira hora de perdição.