TANTO TEMPO

Queria aqui tua visagem,

O azul dos teus olhos contrastando

A verdejança dos monumentos.

Queria aqui, comigo, teu caminhar

-que chamo de patético-

Teus pés arrastando sandálias simples

E tua alma em repouso ante à visão dos pássaros

Que, a cada manhã, se alternam na varanda,

Perfurando com bicadas as cascas tenras das frutas.

Queria aqui, junto de mim, tua boca tranqüila

E teus olhos empenhados

Em aprender a melodia dos galhos

Chacoalhados pelo vento.

Queria te oferecer os limões que despencam,

E tingem de amarelo a estrada de terra.

Queria-te aqui, por quanto tempo desejassem

Teu coração e teu entendimento.

Queria declarar o meu amor por ti

-que é tão grande-

Enquanto sobre o banco de madeira

Tentasses em vão recuperar, na memória

Violentada, uma qualquer brincadeira da infância,

E uma pequena canção colorida

Que, desapontados, descobrimos

Que já não existe mais...

Benilson Toniolo
Enviado por Benilson Toniolo em 27/07/2009
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