A fina ausência se transforma em essência

A fina ausência de um prato esmaltado sobre a mesa,

a colher da sobremesa.

O sol aceso lá fora, o corpo do lado de dentro,

a sombra do lado de fora.

A tinta do tonel rasurando a folha de papel,

desapareu a assinatura do rosto da moça pura.

A lagrima e a tinta se misturaram,

a lagrima da moça pura com a tinta do tonel,

era a filha do coronel.

A varredeira de luto não mais transforma a vassoura

em luta, o corpo fraco da labuta.

A fina ausência dos olhos do meu gato branco admirando o correr

do rato, que passa sem pesquisa na bravura de tal ato.

E quando se unem as criaturas e seus pertences,

a filha do coronel pede a vassoura da varredeira

para espantar o rato, o gato se assusta e prende a pata no tonel,

a sombra derrama a lagrima por que encontra o corpo,

a varredeira esquece o luto e se derrete de amores pelo coronel,

e o sol continua aceso no céu

A fina ausência se transforma em essência.