PALAVRA-DAMA
PALAVRA-DAMA
O caos desce à terra.com
e a arquitetura do demiurgo abriga
o eu dissolvido
em meio a um oceano de ondas doloríferas.
O urro-fera do epilético em busca da linguagem estruturada do inconsciente internético brada:
_ Atentai, palavras são navalhas, canalhas!
Então, velozmente, lufadas de palavras a esmo
acariciam a máquina caprichosa
à mercê do nada.
Na superfície luminosa da máquina errante
as palavras urram de dores nas mãos do vazio do homem-máquina-de-guerra.
A espera do novo se faz profunda
no abandono wwwebico.
Velhos fragmentos dialogam à bicadas,
e a palavra-dama dana-se no drama,
ela está perdida,
ela enviuvou do velho,
ela urra horrorizada em meio às ondas gélidas do porvir,
ela flerta sem pudores,
ela ovula flores sem cores,
ela está meretriz no ir-e-vir do nada-agora-profundo,
contudo,
amante do urro,
ela fecunda um infante insignificante,
o ainda invisível,
o som quase inaudível,
a fúria do verso futuro
num parto pleno de dores.
... e os agoniados intempestivos urram:
_ Vós, espectros deste teatro de horrores,
atentai aos imperceptíveis,
ao pequeno ovo,
ao recomeço a partir do ovo,
pois o novo já urra desesperadamente dentro do ovo.
Prof. Dr. Sílvio Medeiros
Campinas, é inverno de 2009.