“Quando o dia perde o rosto”

Sempre quando o dia perde o rosto

Eu me entrego a boemia e me perco sem cessar

Bebo entre beijos sem sentir o gosto

E me embriago na ilusão de amar

Nas madrugadas madrugam-me as ilusões

E vago sem me sentir, sem me saber

Bebo entre corpos tantas sensações

E adormeço entre as pernas do prazer

Dou-me tantas vezes a revelia

Violo almas e corpos sem nada sentir

Iludo e sou iludido numa eterna fantasia

E logo bato a porta e continuo a seguir

Não dou meu telefone, nem despedida

Na fuga apenas deixo pedaços da minha solidão

Cacos que acumulei durante a vida

Migalhas de mim ficam pelo chão

E quando a noite perde o gosto

E desperto em camas de prazer marginal

Fico a espera que o dia perca novamente o rosto

Para viver a vida que se fez meu natural

Esse é o meu cotidiano, minha estrada

Durante os dias espero as noites caírem

E vago perdendo-me pelas madrugadas,

Sentindo as horas frias me diluírem

Já não sonho com amor de verdade

Porque sei que essa verdade é fugidia

Prefiro viver minha cruel realidade

Me perdendo nos corpos frios da boemia