Morte na escravidão

Conspirações e segredos

às vezes constroem reinados

castelos onde imperam medos

amarras aos subordinados

Coitados, escravos amotinados

revoltos contra seu senhor

condenados, destinos traçados

nas correntes que subsistem sua dor

Por favor - eles rogam

mas sequer sabem para quem

seus dissabores afogam

imaginando o que fica além

Uma terra de ninguém

onde dois valem por um

um vale por cem

e todos por nenhum

A cidade dos sonhos parece apenas miragem

quando um cenário medonho é a única paisagem

O vento do outono, a aridez da estiagem

o chegar do derradeiro sono, a última imagem

E assim tudo se estilhaça

No céu mais uma nuvem passa

e o senhor recolhe mais um corpo

de mais um escravo morto.

Fernando em Pessoa
Enviado por Fernando em Pessoa em 30/07/2009
Código do texto: T1728064
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