Morte na escravidão
Conspirações e segredos
às vezes constroem reinados
castelos onde imperam medos
amarras aos subordinados
Coitados, escravos amotinados
revoltos contra seu senhor
condenados, destinos traçados
nas correntes que subsistem sua dor
Por favor - eles rogam
mas sequer sabem para quem
seus dissabores afogam
imaginando o que fica além
Uma terra de ninguém
onde dois valem por um
um vale por cem
e todos por nenhum
A cidade dos sonhos parece apenas miragem
quando um cenário medonho é a única paisagem
O vento do outono, a aridez da estiagem
o chegar do derradeiro sono, a última imagem
E assim tudo se estilhaça
No céu mais uma nuvem passa
e o senhor recolhe mais um corpo
de mais um escravo morto.