O canto do seresteiro

Dizia, assim, o seresteiro,

que cantava para a Lua,

na calçada desta rua,

os seus sonhos de amor:

"Porque foi que a Lua prateada,

escondeu a minha amada,

para me fazer chorar?

Deixou no peito cravado este punhal,

como prova do carinho,

que eu supunha imortal...

Ficou a dor da tristeza e despedida.

pois sabia que perdida

para sempre ela se foi...

Como pode se enconder em cinza fria,

como se fosse Poesia

derramada lá do céu...

Eu não sei porque fico aqui pensando,

destilando no meu copo

a presença do amargor...

Porque eu sei que a Lua conivente

não podia ser descrente

do amor que lhe falei...

Ela sabe que no peito, ainda, chora

um pedaço da aurora

que nos viu aqui feliz...

E tem raiz, com certeza, minha gente,

não se apaga um amor

como se ele fosse giz...

Ele fica dedilhando ao violão,

transformando a ilusão

em sonata ou canção...

Ele fica percebendo escorrer

dos seus olhos o seu pranto

que não pode esconder..."

E diz prá Lua, como se ela lhe entendesse,

"Não me importa o que dizes

sem ela não sou feliz...

Pra que meu canto se transforme num bouquet,

necessito urgentemente

nos meus braços ter você..."

E a Lua respondeu ao seresteiro,

que ficasse no terreiro,

e ali fosse morrer...

Pois o amor solitário não aguenta

suportar essa tormenta

que é feito solidão...

E precisa sossegar o coração,

no abraço do oceano,

ou no vento da paixão"

Às 15:40 do dia 02/08/2009

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 02/08/2009
Código do texto: T1732868
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