Minha treva

... silêncio ... escuridão ... paz...

caminho vagarosamente nessa terra sem tempo e mácula

fechei minhas asas porque aqui não consigo voar

as minhas dúvidas são apenas um espasmo

por que daqui interpreto-me como sombra e vento

de longe o mundo parece pequeno e solitário

assim como esse soldado do tempo que insiste em viver

lacrimejo o meu mundo, forjo elos de luminosidade

mas não compreendo essa dor que irradia da busca

eu ainda criança envelheço no meu coração

parece que meus sonhos de juventude vão putrefando com as eras

era apenas um símbolo jogado no ar

apenas atos que verbalizavam a ternura trágica do fim

não sei se a melodia da minha vida fez jus à sua dança

mas sua imagem ainda vive e atormenta minha doce trenodia

a floresta de meus segredos mais ávidos e perpétuos

perdeu seu verde e foram vistos rastros nos ceús, de delicado caos

minha poesia não me serve para fugir

eu encaro esses dias tempestuosos como a um simples jogo de poder

poder ir embora desse estágio

eu, a imagem visível do verbo invisível

fechado em meu mundo, rodiado de meus sonhos

e vendo de alguma forma os erros alheios em relação ao mundo

e ainda mais triste:

os meus erros em relação às suas lágrimas sinceras de inocência