SEM SENTIDO

Não vejo se é claro ou escuro;

não sinto se é duro ou macio;

não ouço barulho nem o som puro;

não aspiro o perfume ou o bafio;

não saboreio o mel ou o fel...

Não acredito ou descreio;

não digo nem silencio;

não sou doce nem cruel...

Não sofro, não machuco;

não sou são e nem maluco.

Um tanto humano, outro animal...

Não fantasio nem refreio;

não sou leal nem revel;

não sou manso nem aflito...

Nem vivo nem morto,

sou assim de nascença.

Procuro o infinito

pelo trilho mais torto:

a fatal indiferença.

Lina Meirelles

Rio, 05.08.09

(para o Forum - Poesia on line - mote: INDIFERENÇA)