O MAL DO SÉCULO
em minha casa não há telefones
[não acredito nos homens que param tudo quando toca um telefone]
a morada, eu e um silêncio exorbitante...
silêncio humano!
[não acredito nos homens que param tudo quando toca um telefone]
não me importo se não está paga a conta de água ou luz;
só peço mudez aos telefones!...
um passante ouve meu chinelo esmigalhar um louva-deus ao sul da copa,
um vizinho preocupa-se se sofro de asma,
as flores têm orgasmos!...
nenhuma tentativa de sono abortada,
as palmas-de-são-josé se irmanam aos copos-de-leite,
o mundo todo sabe que, à noite, rego as plantas do vaso, à mijadas!...
[não acredito nos homens que falam cochichando]
em minha casa, sem telefones,
amigos me acontecem sem chamadas.