O MAL DO SÉCULO

em minha casa não há telefones

[não acredito nos homens que param tudo quando toca um telefone]

a morada, eu e um silêncio exorbitante...

silêncio humano!

[não acredito nos homens que param tudo quando toca um telefone]

não me importo se não está paga a conta de água ou luz;

só peço mudez aos telefones!...

um passante ouve meu chinelo esmigalhar um louva-deus ao sul da copa,

um vizinho preocupa-se se sofro de asma,

as flores têm orgasmos!...

nenhuma tentativa de sono abortada,

as palmas-de-são-josé se irmanam aos copos-de-leite,

o mundo todo sabe que, à noite, rego as plantas do vaso, à mijadas!...

[não acredito nos homens que falam cochichando]

em minha casa, sem telefones,

amigos me acontecem sem chamadas.

Djalma Filho
Enviado por Djalma Filho em 10/08/2009
Reeditado em 01/09/2009
Código do texto: T1745926
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