Poema inacabado
Comecei a escrever estes frágeis versos
totalmente despidos de inspiração...
Talvez por causa deste frio de quase inverno
Quem sabe por conta de alguma incerteza...
Parei tantas vezes, sem saber o que dizer
Se do amor, se da natureza, se da solidão...
Talvez por conta desta noite de quase dormir
Ou ausência de algo que lhe emprestasse beleza...
Busquei um tema, um enlevo, uma emoção
E nada encontrei à frente de meu mórbido olhar...
Poesia mesmo, quase nada
Poeta eu fui, não sei se ainda o sou...
Mas segui com estas imaginárias linhas
Como querendo dizer de algo que nem senti
E até narrar sonho que se não me acometeu...
Segui buscando palavras ensaiadas ao vento
Daquelas que, lidas, não se esquecem
Pra dar brilho a minha parca imaginação...
Elas não se ajustaram e nada pude compor
Nem se formou melodia que pudesse se tornar canção
Folgaram-se dos singelos laços de que são feitos os poemas
Depois se isolaram, sem dizer mensagens, sem apelo algum...
Já no meio desses dizeres evasivos se perderam
Palavras sem o almíscar da poesia que as enfeitaria...
Tentei também debilitadas rimas
Naufraguei sufocado pelo insucesso amador...
A poesia, não sei onde estaria
Furtou-se sua morada em mim...
Acho que ela partiu, deixou-me à deriva
Aquela que, por tantos dias,
Possuindo-me, por minhas mãos pôs-se a escrever.
Por isso esse poema inacabado,
Frustrado ao seu motivo, sem a graça e a exaltação
Frágil como versos fugitivos esperando o seu final...
Destino ao qual não sei se fortuita inspiração desejaria retornar.