Poema inacabado

Comecei a escrever estes frágeis versos

totalmente despidos de inspiração...

Talvez por causa deste frio de quase inverno

Quem sabe por conta de alguma incerteza...

Parei tantas vezes, sem saber o que dizer

Se do amor, se da natureza, se da solidão...

Talvez por conta desta noite de quase dormir

Ou ausência de algo que lhe emprestasse beleza...

Busquei um tema, um enlevo, uma emoção

E nada encontrei à frente de meu mórbido olhar...

Poesia mesmo, quase nada

Poeta eu fui, não sei se ainda o sou...

Mas segui com estas imaginárias linhas

Como querendo dizer de algo que nem senti

E até narrar sonho que se não me acometeu...

Segui buscando palavras ensaiadas ao vento

Daquelas que, lidas, não se esquecem

Pra dar brilho a minha parca imaginação...

Elas não se ajustaram e nada pude compor

Nem se formou melodia que pudesse se tornar canção

Folgaram-se dos singelos laços de que são feitos os poemas

Depois se isolaram, sem dizer mensagens, sem apelo algum...

Já no meio desses dizeres evasivos se perderam

Palavras sem o almíscar da poesia que as enfeitaria...

Tentei também debilitadas rimas

Naufraguei sufocado pelo insucesso amador...

A poesia, não sei onde estaria

Furtou-se sua morada em mim...

Acho que ela partiu, deixou-me à deriva

Aquela que, por tantos dias,

Possuindo-me, por minhas mãos pôs-se a escrever.

Por isso esse poema inacabado,

Frustrado ao seu motivo, sem a graça e a exaltação

Frágil como versos fugitivos esperando o seu final...

Destino ao qual não sei se fortuita inspiração desejaria retornar.

Nalva
Enviado por Nalva em 13/06/2006
Reeditado em 15/05/2014
Código do texto: T174783
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