A Fera e a Bela.

A fera que adormece
Na epiderme da bela
Quer dançar no salão, atirar confetes
Asas de borboletas ao ar
Possuem a ira da proibição travada nos dentes
Olhar telepata que tudo diz aos seus entes
O olho obtuso, neutro, calado!
Expectação é a alma da fera, onde vive a bela
Ira dilapidada e aspirações conjugadas
Estando a fera adormecida
Padece do que é seu e não sente
Uma ânsia veemente
De querer voar
Soltar suas asas de fênix
Renascente de si
Poder de perdoar
A bela insistente em anular a fera
Destoa o âmago em suas entranhas
Carne viva por debaixo das unhas
Cólera brilhante ao dia a dia
A expressão da bela é subjetiva
Imperceptível ao abrupto bruto
A ira da fera consta, sendo oculta
Disfarça a pantera em lance de traçar
É a bela essencial da fera
Leoa africana, amazona guerreira
Bruxa queimada em osso na fogueira
Bela à margem, fera dissonante
O poder das sutilezas atemoriza por levezas
E cheiro de coisas frescas
Antecipa-se a promessa
Mata-se a esperança
Abandona a cegueira à claridade
Ilusões derradeiras das primeiras idades
Deixam de ser duais
A fera tragou e a bela entendeu,
Sentido primordial
Sua crueldade sutil de felina
E a essência grosseira de flor.