CORAÇÃO CIGANO

Andei, andei...

Nessa busca infinita

me perdi,

nessa ânsia desesperada

transpus limites,

neguei meus sentimentos

mais profundos,

queimei minha alma.

Na noite profunda

que me envolvia

por vezes vislumbrava

o horizonte dos meus amores

e o laço familiar

me aquecia o coração.

Ah! Coração cigano

que nesta vida

não encontra reduto,

porque de sedentário

se fez nômade!

Coração ingrato

aos seus amores

por não ter parada,

pois uma força estranha

o impulsiona a seguir,

romper barreiras,

ignorar convenções

e se envolver na noite.

Sei que me olham estranhos

os olhos de quem me vê,

sei que insensata me julgam

os formadores de opinião,

sei que dói

ser diferente dos padrões.

Não sou igual,

não posso ser igual,

não quero ser igual

a tantas vidas estáticas

sem passado,

sem lembranças.

Sei que vou pagar

_ pago todos os dias _

por ser assim,

pois ninguém vive impunemente

as delícias dos extremos.

Sofro mais do que vivo,

mas me conforta

saber que estou presente

no coração dos meus seres

mais queridos.

Giustina
Enviado por Giustina em 16/08/2009
Reeditado em 17/05/2015
Código do texto: T1756616
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