Nosso Amor

Meus passos rectílineos na areia fofa
E os versos que imagino com o mover das ondas
Movem-se belos como os peixes que saltam d'água
E dos meus olhos saltam as mastigadas lágrimas

Mil estrelas cabem dentro de um olhar
Somente elas podem fazer brilhar
Ando desalento e arredio
Plenamente vazio...

Diz-me o porquê dessa minha distração
Meu coração é bom - você me diz
Mas do que me vale um peito em flores
Se sedento de amigos e grandes amores
Vago principalmente de ser feliz?

Minha vida é falésia
Batida pelo mar
Meu amor é azálea
Que não quer desabrochar

Desaperta flor
Cada pétala quer sentir a brisa
Mas amor é uma preocupação
Que passa despercebida

Deveria ser assim
Se eu não fosse tão jovem
Se eu não estivesse apenas
Trocando o fi pelo qui
Se eu não estivesse tão longe do fim
Se eu não estivesse desatento de mim

Estou escrevendo numa frontaria
Em versos duma poesia
Que a vida que Deus a mim confia
A partir de hoje terá uma respeitosa valia

Meu amor morteiro
Que rima com azálea
Mil estrelas cabem dentro de um olhar
Mas do meu peito nosso amor transborda
Nosso amor é indivisível e indecifrável
Somos amigos e nos parece inimaginável
É confuso e foge às regras e à moda

Um dia seremos maduros o bastante
Pra colocar cada artefacto
Em seu lugar na estante
E nosso amor coexistirá
Nesse instante...


Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 17/08/2009
Reeditado em 17/08/2009
Código do texto: T1758099