O CARTEIRO

Houve um tempo que tinha pavor, odiava!

Sempre que uma nova carta chegava.

Arquitetava a morte do carteiro

Um acidente naquele despenhadeiro!

Seria uma morte comum, algo corriqueiro.

Não foi preciso. O desgraçado nunca mais veio.

Que irônico esse despeitado desejo!

Pois, receber uma carta hoje é o que almejo

O carteiro embirrou e sua carta não me entrega

E o que quero, anseio, não me chega!

Notícias suas, sejam novas ou antigas,

Com escrita dedicada e palavras amigas.

“Oi, saudades... está tudo bem na minha vida.

Eu te amo, o resto... é fadiga.

Amanhã vou te ver, meu abrigo!

E amanhecer recostado ao teu umbigo”.