Em direção aos sonhos...

A vida espia minha sombra na tela surreal

entre galhos solitários que ali vão se projetando

e que, lentamente, perderam sua roupagem

ao sabor de ventos, levados na viagem outonal.

Desvio poças d’água se entremeando

sob janelas fechadas de casas tão vazias,

portas cerradas, banhadas pela cor dourada

da tarde que lá já vai se adentrando,

nua, pelo fim da rua, neste fim de dia.

Alguém, que não veio ainda neste meu viver,

junta-se ao misterioso tom da paisagem

para, entre névoas, a se perder enfumaçado,

catar, perdidas, mil folhas soltas, amareladas,

testemunhas mudas de pegadas na passagem.

Ondulando em preces, desdobrados véus,

as três marias, sentinelas rubras no jardim,

adornam anjos e pelo “portão” dos céus,

imitam brisas que, juntas, rezam por mim.

Sigo meu rumo em direção aos sonhos.

Que acendas, agora, no obscuro deste meu caminho,

uma luz, entre os ramos que nos espreitam cores,

guiando os passos que oscilam traços de carinho.

Ao fundo, retrates minha face a procurar por ti,

iluminados fachos de felicidade, em doces pinceladas,

exalando perfumes de esperança em profusão de flores,

para que, no bosque escuro, de abraços emaranhados,

possas esconder a saudade infinita que me trouxe aqui.

Ida Satte Alam Senna
Enviado por Ida Satte Alam Senna em 16/06/2006
Código do texto: T176465