Cadê a poesia?
Tão mais simples é valsar,
Tão mais bonito é contemplar sem saudades o infinito.
Cadê a poesia que estava nas minhas mãos?
Cadê os versos que eu desenhei enquanto valsava?
Lambi cada palavra para sentir seu sabor,
Apalpei cada verso para entender seu sentir;
Mas onde está a poesia que cabia na minha boca?
Onde está a melodia que acalmou meus sentidos?
Tão mais simples seria rabiscar no vento
Cada ensaio do meu pensamento,
E deixar que se juntassem em harmonia
Onde houvessem ouvidos de ouvir,
Sensibilidade de sentir.
Tão mais bonito seria dedilhar silêncios cantantes,
Que musicassem ao sabor do entendimento casual
Sem compromissos de forma, som ou melodia.
Mas em que página ficaram as palavras?
Em que hora se foi a inspiração?
Não me basta o olhar perdido,
O coração aos pulos, nem a alma em transe.
Não me valem papéis, teclas e tinta de tantas cores
Se não se acham palavras e às pontas dos dedos.