De Toda a Incerteza

É no teu pranto jorrado que à noite descanso

São toadas, ondas, memórias vindas e inteiriças

Achacado passado correndo ao quede avanço

Depilando uma história de magrezas roliças.

É no teu semblante que me envolvo tanto

Sincero e fecundo, tenho-me guiado

Pelas horas que se emparelham, jaz um manto

Não tenho vinho, nem certeza, apenas gingado.

É no teu perfume que inda sinto o asco

Ojeriza, palavra extrema, rude

Entorno tudo a me olhar o frasco

Das queixas vãs, o dom ilude.

É na tua maldade que deito o cabelo

Tive espécie, ligeireza e amplitude

Pífio o sentimento grude e azedo

A morosidade do esquecimento me é inquietude.

É na tua existência que rutilo meu olhar

Norteio a vaga insistência do penar

Confiscam seres a me assolar e a relembrar

E num mísero dia, a tua imagem apagar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 17/06/2006
Reeditado em 24/08/2006
Código do texto: T177058
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