De Toda a Incerteza
É no teu pranto jorrado que à noite descanso
São toadas, ondas, memórias vindas e inteiriças
Achacado passado correndo ao quede avanço
Depilando uma história de magrezas roliças.
É no teu semblante que me envolvo tanto
Sincero e fecundo, tenho-me guiado
Pelas horas que se emparelham, jaz um manto
Não tenho vinho, nem certeza, apenas gingado.
É no teu perfume que inda sinto o asco
Ojeriza, palavra extrema, rude
Entorno tudo a me olhar o frasco
Das queixas vãs, o dom ilude.
É na tua maldade que deito o cabelo
Tive espécie, ligeireza e amplitude
Pífio o sentimento grude e azedo
A morosidade do esquecimento me é inquietude.
É na tua existência que rutilo meu olhar
Norteio a vaga insistência do penar
Confiscam seres a me assolar e a relembrar
E num mísero dia, a tua imagem apagar.