A MOÇA COM A MALA

Da ponta dos dedos

brotam risos e flores

e nascem cidades

e tecem-se as teias.

Da lama enfim o pó

que tudo encobre

faz a boca seca

e turva a vista

do caminhante.

Estavas assim

perdida

em rumos distraída

e nada havia

em torno

solas gastas

de tanto caminho

pés que levam sempre

sem perguntar pra onde.

A tarde se ia

em franjas de luz

e a brisa roçava teu cabelo.

Na curva da estrada

o corpo pendido

no peso da mala

tua saia rodada

a pele morena

seguias pra onde?

chegavas de longe?

E eu só queria

que o tempo parasse

você vindo assim

pra sempre chegando

sem nunca chegar

sem nunca partir

na tarde morrente

a vida espreguiçada

em silêncios

ao longe os gritos de meninos

mas você passou

pros lados da estação

com sua mala pendida

seu vestido fazendo

voltas c'a brisa

enquanto a tarde fugia

e meu coração silenciava...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 24/08/2009
Reeditado em 22/05/2011
Código do texto: T1770866
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