UMA ESPÉCIE DE VIDA OCA

Esqueci a lamparina acesa

Bruxuleando à cabeceira de um “eu”

Esticado e teso,

Como alguém que já morreu.

As ave Marias ficaram sem vinho e pão,

Debulhadas,

Mas sem perdão.

Pedaços de cabelos também,

Pontas quebradas e ignoradas

Pelo “eu” que jaz no chão.

Flocos brancos de uma neve que nunca vi,

Fazem uma dor necrosada,

Coisa antiga...

Sinto que meu inverno não tem fim!

Desassossego que conta telhas na laje,

Num desmantelo,

Num desmazelo

Que dá pena e dó,

Sentida por ninguém,

Nem mesmo por mim.