MEMORIOSO
um mapa-múndi, em meu rosto, desenha a minha idade
jovem, fui absoluto
adulto, ilimitado
[um sem-fim]
memórias me tomam de assalto
– escrevo –
há um mapa de idade desenhado em mim
o Rio Grande do Sul, ainda continente,
tempo da Era de Aquário,
de quando os poetas ainda tinham idéias na cabeça,
onde, o mundo, sem arranha-céus, crescia alto
ao meter a cara no mundo,
desassustei brotoejas,
desreceei rugas,
[gastei meu tempo]
e, distante do encontrar daquela companheira parecidíssima comigo,
perdia-me nas memórias das mulheres sem penteadeiras
e em estórias – ainda nem História feita
[trago, em meu rosto, todo o mapa que gastei até chegar-te]
adulto, fui absoluto,
agora, ilimitado
[um sem-fim]
e, enquanto acarinhas a minha pele usada pelo tempo,
tatuas um mapa-múndi em minha cara
as memórias?...
não mais me tomam de assalto!...