MEMORIOSO

um mapa-múndi, em meu rosto, desenha a minha idade

jovem, fui absoluto

adulto, ilimitado

[um sem-fim]

memórias me tomam de assalto

– escrevo –

há um mapa de idade desenhado em mim

o Rio Grande do Sul, ainda continente,

tempo da Era de Aquário,

de quando os poetas ainda tinham idéias na cabeça,

onde, o mundo, sem arranha-céus, crescia alto

ao meter a cara no mundo,

desassustei brotoejas,

desreceei rugas,

[gastei meu tempo]

e, distante do encontrar daquela companheira parecidíssima comigo,

perdia-me nas memórias das mulheres sem penteadeiras

e em estórias – ainda nem História feita

[trago, em meu rosto, todo o mapa que gastei até chegar-te]

adulto, fui absoluto,

agora, ilimitado

[um sem-fim]

e, enquanto acarinhas a minha pele usada pelo tempo,

tatuas um mapa-múndi em minha cara

as memórias?...

não mais me tomam de assalto!...

Djalma Filho
Enviado por Djalma Filho em 26/08/2009
Reeditado em 01/09/2009
Código do texto: T1774890
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