O MAR

O mar, esse cativo que se joga

E balança o caudal azul

Retido em seu berçário,

Ora barulhento, ora solitário,

Rebolável estrada aos navegantes

Liga os povos do mundo – Norte e Sul –

Condena à morte – Juiz sem toga.

Senhor que engole vidas, cria vidas,

Sepulta os penedais,

Trêmulo encobre os abissais

E banha as criancinhas tão queridas

Que às praias vão veranear,

Não sei se eu o diga milagroso altar

Ou fazedor de viúvas dos mortais!

Ó mar que traz o pão aos pescadores,

Ó mar que encurta o mundo aos navegantes,

Ó mar que tanto enrica os comerciantes,

Que oferece lazer e muitas dores...

Espelho do céu, túmulo de vidas,

Águas azuis ou verdes – coloridas? –

Não sei se eu diga: um céu na Terra!