Defesa de um solitário de carne e osso
Vós,
que amais os personagens solitários,
saberíeis,
se vísseis,
da real solidão de todo dia
daquele cara que passa e ninguém vê?
Daquela figura esquisita,
de olhar sempre no chão,
ridicularizada pelos apreciadores das mais profundas artes?
Nasceu e morreu toda a glória
no cômodo escuro
de um herói ignorado
Esta suposta beleza que só serviu para matar,
um pouco a cada dia,
seu pobre depositário
Pois saibam,
vocês que sempre aplaudem a solidão,
e às vezes até querem se passar por solitários,
Que a solidão das músicas é bela
A solidão dos palcos é fascinante
A solidão dos livros é gratificante
Mas a solidão que ninguém ouve,
ninguém vê
e ninguém lê,
esta é triste...