Os barcos de porto de galinhas
Barcos,barcos errantes,abandonados
pela praia de porto de galinhas...
São almas errantes que cantam sob a lua
e recordam ilhas e amores inverossimeis
parados,na imensidão do espelho azul
choram pela noite sem que ninguem ouça seus soluços...
São almas perdidas,como mulheres nuas
afogadas,loucas,ao mergulhar atrás dos filhos
que o mar tambem levou pra desespero
dessas mães que esperavam com o jantar à mesa
São conchas frias,sem pérolas
para sempre abandonadas nos talvegues sem fim
ah...são as canções dos que choram
desafinados na madrugada branca e impoluta
São braços de homens sem futuro
que não obtiveram o perdão da mulher amada
e hoje vagueiam o espaço escuro
sem nada querer enxergar,como peixes cegos
Barcos,barcos errantes,abandonados
pela praia de porto de galinhas...
Tremulam como galhos de árvores mortas
sem resina,sem amor,sem fruto
enquanto a sombria areia os espia
à distancia,não quer contato com as almas marginais
A sádica bruma que abriga
tantos moradores,tantos sarros às escondidas
não,ela não quer contato jamais
com estes abandonados que pranteiam de pavor
Barcos,barcos errantes,abandonados
pela praia de porto de galinhas
sabeis agora que não estais mais sozinhos
sois toda desgraça que vaga nas escumas!
as mães sem alento a pescar seus filhos
as conchas mortas,de nácar despidas
os marinheiros sem amor que outrora te navegavam
as sombras dos galhos soturnos que um dia brilharam
Ah...
barcos,barcos errantes,abandonados
pela praia de porto de galinhas...