Os barcos de porto de galinhas

Barcos,barcos errantes,abandonados

pela praia de porto de galinhas...

São almas errantes que cantam sob a lua

e recordam ilhas e amores inverossimeis

parados,na imensidão do espelho azul

choram pela noite sem que ninguem ouça seus soluços...

São almas perdidas,como mulheres nuas

afogadas,loucas,ao mergulhar atrás dos filhos

que o mar tambem levou pra desespero

dessas mães que esperavam com o jantar à mesa

São conchas frias,sem pérolas

para sempre abandonadas nos talvegues sem fim

ah...são as canções dos que choram

desafinados na madrugada branca e impoluta

São braços de homens sem futuro

que não obtiveram o perdão da mulher amada

e hoje vagueiam o espaço escuro

sem nada querer enxergar,como peixes cegos

Barcos,barcos errantes,abandonados

pela praia de porto de galinhas...

Tremulam como galhos de árvores mortas

sem resina,sem amor,sem fruto

enquanto a sombria areia os espia

à distancia,não quer contato com as almas marginais

A sádica bruma que abriga

tantos moradores,tantos sarros às escondidas

não,ela não quer contato jamais

com estes abandonados que pranteiam de pavor

Barcos,barcos errantes,abandonados

pela praia de porto de galinhas

sabeis agora que não estais mais sozinhos

sois toda desgraça que vaga nas escumas!

as mães sem alento a pescar seus filhos

as conchas mortas,de nácar despidas

os marinheiros sem amor que outrora te navegavam

as sombras dos galhos soturnos que um dia brilharam

Ah...

barcos,barcos errantes,abandonados

pela praia de porto de galinhas...

Tito Livio Lisboa
Enviado por Tito Livio Lisboa em 01/09/2009
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