ESTÉRIL

Vai semeando trigo

Seco,

Natimorto.

No berçário de teus olhos,

Olhos no fundo do horto.

Desce as mãos secas pela pele,

Pele escamada.

Dá um passo com tuas pernas,

Pernas com bernes.

Entre as bernes teu ventre,

Ventre estéril.

Órgão desafinado,

Nunca se ouvirá sua música.

Incapaz de reproduzir um gameta

Funcional.

Passa teus dedos frios nos seios,

Seios cheios... de nada.

Amamenta o vazio,

Esse rebento débil.

Pari a morte ceifada,

Chora lágrimas cansadas,

Tapa o canal vaginal,

Treme a coxa

E morre...

Num espasmo abdominal.