Livre arbítrio

Quando nasci foi –me dado asas
achei-as pesadas
e decidi  ficar em terra firme.

De anjo, não quis a túnica
nem asas, nem a auréola,
preferi a profana liberdade
de amar e sentir
a navalha na carne.
Preferi a ardentia das paixões
e o dolo da desilusão.

Não foi uma escolha difícil
a  ilusória intenção do paraíso
levou-me ao céu e ao inferno.
Voltei e, já não padeço!

Minha vontade foi maior
e sentir-me dona de mim
foi lei.
As asas,
essas criei-as ao longo do tempo
e as rotas que sigo
são pegadas
perfumadas com cheiro de absinto.

*Fátima Mota*