existencia

Estase no escuro.

E um fluir azul sem substância

De rochedos e distâncias.

Leoa de Deus,

Como nos unimos,

Eixo de calcanhares e joelhos! — O sulco

Divide e passa, irmão do

Arco castanho

Do pescoço que não posso pegar,

Olhinegras

Bagas lançam escuros

Ganchos —

Goles de sangue negro e doce,

Sombras.

Algo mais

Me arrasta pelos ares —

Coxas, pêlos;

Escamas de meus calcanhares.

Godiva

Branca, me descasco —

Mãos mortas, asperezas mortas.

E agora

Espumo com o trigo, um brilho de mares.

O choro da criança

Dissolve-se no muro.

E eu

Sou a flecha,

Orvalho que voa

Suicida, e de uma vez avança

Contra o olho

Vermelho, caldeirão da manhã.

castrosc
Enviado por castrosc em 04/09/2009
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