A MADRASTA E A NEVE BORRALHEIRA

No castelo das fadas, os cisnes bailavam ao som da melancolia.

Serpentes forjadas entre contos e fantasmas nas rapinas do coração

Draconianos desejos se tornam feridas expostas no olhar de um cavaleiro

E os cavalos estão voltando, no lago encantado da lua triste.

Seu amor aos céus foi enviado, martírio cinzento entrincheirando o vazio.

Carrossel gelado, queima a vontade que como Ícaro desejou voar na solidão.

Quando o coração agoniza de frio, liberdade é uma doença sem cura.

Que assalta os pensamentos mais ingênuos, revelado na arte de sonhar!

Ainda assim os calados devaneios gemem no salão principal em um baile de máscaras

A valsa da hipocrisia sorri daqueles que acham que são livres para fazer o que se quer

Se o espelho falasse, os tolos sentimentos infantis não se torturariam.

Os caçadores se curvam, por detrás do bosque encantado há uma velha bruxa!

E quando a liberdade é um estigma cravado nas entranhas do desejo

O cavaleiro encontra a dama, intercalando o abraço do arco-íris com o açoite.

A senhora fada renasce das cinzas, o unicórnio prateado desliza por entre as águas.

No bosque encantado mora um anjo que produziu a lenda que desencadeou a vaidade

Quando o príncipe descobre que ele mesmo era a princesa que dormia

Toda busca finda, ninguém precisa sonhar mais com sapatinhos de cristal.

O inverso da verdade é o medo de descobrir que realmente somos

Tal qual uma bruxa embrutecida que destila o complexo de Narciso diante do espelho.

E era uma vez, o desejo de ser feliz para sempre longe da megera.

Resgatando um tolo sonho infantil que ficou preso nas maldades esquizofrênicas de uma mulher

Castelos de cristais desmoronam e renascem sempre no olhar do sol nascente

Aceitar que o que não tem fim sempre acaba assim é admitir que o para sempre, sempre acaba...

Daniela Moura Rocha de Souza
Enviado por Daniela Moura Rocha de Souza em 20/06/2006
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