A MADRASTA E A NEVE BORRALHEIRA
No castelo das fadas, os cisnes bailavam ao som da melancolia.
Serpentes forjadas entre contos e fantasmas nas rapinas do coração
Draconianos desejos se tornam feridas expostas no olhar de um cavaleiro
E os cavalos estão voltando, no lago encantado da lua triste.
Seu amor aos céus foi enviado, martírio cinzento entrincheirando o vazio.
Carrossel gelado, queima a vontade que como Ícaro desejou voar na solidão.
Quando o coração agoniza de frio, liberdade é uma doença sem cura.
Que assalta os pensamentos mais ingênuos, revelado na arte de sonhar!
Ainda assim os calados devaneios gemem no salão principal em um baile de máscaras
A valsa da hipocrisia sorri daqueles que acham que são livres para fazer o que se quer
Se o espelho falasse, os tolos sentimentos infantis não se torturariam.
Os caçadores se curvam, por detrás do bosque encantado há uma velha bruxa!
E quando a liberdade é um estigma cravado nas entranhas do desejo
O cavaleiro encontra a dama, intercalando o abraço do arco-íris com o açoite.
A senhora fada renasce das cinzas, o unicórnio prateado desliza por entre as águas.
No bosque encantado mora um anjo que produziu a lenda que desencadeou a vaidade
Quando o príncipe descobre que ele mesmo era a princesa que dormia
Toda busca finda, ninguém precisa sonhar mais com sapatinhos de cristal.
O inverso da verdade é o medo de descobrir que realmente somos
Tal qual uma bruxa embrutecida que destila o complexo de Narciso diante do espelho.
E era uma vez, o desejo de ser feliz para sempre longe da megera.
Resgatando um tolo sonho infantil que ficou preso nas maldades esquizofrênicas de uma mulher
Castelos de cristais desmoronam e renascem sempre no olhar do sol nascente
Aceitar que o que não tem fim sempre acaba assim é admitir que o para sempre, sempre acaba...