AS ASAS DE ÍCARO

Ícaro deseja voar, nas sinfonias ensolaradas de um futuro distante.

Curva-se à rainha fada, senhora dos contos que traz em seus braços os velhos sonhos azuis.

O fio do destino há muito se rompeu nas entrelinhas desses versos distantes

O descompasso conduz a dança solitária derrubando os pilares da modernidade

Rainha Fada! Os cavaleiros estão partindo levando nas mãos nossos sonhos

O Corcel encantado chora às margens de um lago cintilante de gelo

São nossas coisas, o balé dos cisnes revela o paradoxo dos raios sutis de uma sombra.

É quando Narciso chora diante do espelho a dicotomia esquizofrênica do consumo

Parece gentil rainha que os tapetes de estrelas por onde passavam nossas fantasias mais belas

Adentraram-se em um buraco negro sugadas e engolidas por uma lâmina discrepante.

As mais belas canções foram encarceradas pelos algozes tristes que dançam no fogo para esquecer...

...Que um dia sonharam, o sol sempre se põe para aqueles que se lembram para esquecer.

Ninguém mais ouve e entende estrelas a não ser aqueles que se aliaram à dor

Que cavalgam pelas madrugadas iludentes enfrentando florestas para resgatar a flor

Aquela rosa perdida que ficou em uma dessas esquinas, esmagada pela vastidão do tempo.

Só restaram espinhos que dia a dia insistem em perfurar nosso calcanhar

Tudo é efêmero assim como os Clones pensados para substituir nossos medos

Pensamos que enganamos o outro, mas só conseguimos enganar nosso espelho.

Admitir que somos personagens descartados no grande palco da vida

É como querer por um ponto final em uma história sem fim

As ondas vão e vem trazendo consigo as quimeras de corsários cítricos e amargos

E o desejo rainha fada de ver renascer antigos mitos faz de nosso coração um amálgama de ilusões

Enquanto andamos fazendo a marcha da rainha negra, individualistas e sozinhos.

Vamos aprendendo de dor em dor que o que não tem fim sempre acaba assim.

Daniela Moura Rocha de Souza
Enviado por Daniela Moura Rocha de Souza em 21/06/2006
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