A Solidão

É como um desespero de bêbado num líquido espesso,

Ou como uma úlcera gástrica que corrói por dentro

E não cicatriza,

Nunca,

Jamais.

É como um roubo na noite ou um vazio de fome.

É como um rio sem água ou como um verme que come

Pouco a pouco o corpo

Pútrefe

Ao chão.

É como um desespero de bêbado na descoberta

Do rosto que surge no rubro da taça,

Achando graça

Do câncer exposto.

É um rosto sem rosto...

É como uma canção na ausência das notas,

Ou como um poeta, só e doente d’alma,

Almejando a cura no remédio das palavras,

Tropeçando na dor de existir num dia de chuva

E calor.