A FÁBULA DA LUA ACESA
Ah, os peitos das mulheres cheias!...
[abusados]
iguais aos das luas acesas por um quarto de mês:
dormem, acordam e redormem
diuturnamente;
em forma, a sensibilidade!...
Ah, os peitos das mulheres cheias!...
[bem-vistos]
plenos,
conscientes da soberba da dona que os ostenta,
se opimam, se mostram, se desmostram
em surdina
[quase às caladas]
quando alguém – em um inequívoco estado de graça –
os tiram do sério
Ah, os peitos das mulheres cheias!...
[bem-ordenados]
sem inveja de outros peitos – talvez, igualmente belos –:
reativos, reagentes, reacionários,
dão a abjetar as formas das camisetas brancas,
os frios falsamente frios,
os jatos d’água, os não arrepios, o silicone
[o insensível]
e, principalmente,
peitos que não tomam formas de peito,
nem se muito bem tocados!...
Ah, os peitos das mulheres cheias!...
[diabólicos]
num salto à visibilidade
dão de embicar
quando o coração que os aperta, comprimido,
numa pressa, sem parar,
está próximo de saber todos os segredos do respirar!...
Ah, os peitos das mulheres cheias!...
[bendita lua acesa]
iguais,
iguaizinhos aos peitos das mulheres alagadas,
à espera de mar,
nem se por um quarto de mês!...