O COVEIRO

coveiro sem alma

ou alma empedrada

com calos na palma

da mão, na enxada

cavando buracos

não podem cavá-los

os mortos, são fracos

embora sem calos

não sentem as dores

não sentem mais nada

nem mesmo os horrores

da alma empedrada

usada, invivida

não vê em si próprio

o coveiro, sua vida

é grotesco ciclope(o)

de mágoas, que junto

co'a terra que rola

em cada defunto

sua vida se emola

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 11/09/2009
Código do texto: T1804271
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