Aos poucos, morrendo.

Das cinzas fez-se pó

Do pó fez-se imagem

Da imagem a criatura.

Da solidão fez-se procura

Da procura fez-se doce amizade

Nascendo sentimento indescritível.

E, entre portas abertas, não existiu o que conquistar ou ser conquistado, não se fez sedução, nem tampouco sedutor,

Existiu apenas um coração solitário que

Vagando pelos mares, sonhou e viveu as delícias da ternura.

Agora, resta senão o vazio, o sentimento de que em nada fez diferença, a nada contou, em nada tocou.

Então a morte espreita, não a do corpo ou dos pensamentos,

Mas a falência da alma e da ilusão de busca da felicidade.

E, através de portas ainda entreabertas, sopra ao vento a escuridão do amorticídio,

Expressão inexistente no vernáculo,

Que apenas traduz a necessidade de morrer ou matar o sentimento inigualável.

selene
Enviado por selene em 22/06/2006
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