Moutonnée
Beleza gélida, arrefecida.
Dureza arranhada, rara, dolorida.
Única, instabiliza, fica e enleva.
Envolta em luz, leve graça, prece, pedra.
Palavra cor de rosa, verbo amanhecer,
Delicadeza imóvel, imutável, indizível...
Aparece, torna a alvorecer
E continua vasta, clara, texto impossível.
Nula, rocha, dura alvorada
A prata, no meio da caminho, a pedra já cantada.
Inspira o canto, a musa descoberta, a poesia fascinada
Caminho sem volta, torta, alma envenenada.
Assim, grito, granito envolto em luz rosada,
Fica no ar o dito, bendito, aqui, lá, seja notada.
Tornando o que é duro bonito,
E o que é frio, alma nua, sublime, enluarada.